domingo

Essa tal saudade

Definitivamente eu descobri que nós somos movidos pela falta, a saudade. E, sinceramente, não acho isso uma virtude. Tampouco algo bom de se sentir. A única parte boa da saudade é a clareza que ela passa pra gente. Sim, porque ela deixa bem claro e coloca aos quatros ventos se a gente gosta ou não de alguém. Porque é praticamente impossível você amar uma pessoa e não sentir a falta dela. Logo, se você não sente você também não ama como imaginava. Mas isso é bom pra quem tem dúvida. E pra quem já tem a certeza? É difícil, meu bem. É difícil ficar um diazinho sequer longe, sem poder pegar o telefone e dizer: -Eu quero te ver. E não esperar nem mais um segundo. É... Porque nem um "Como estão as coisas por ai?" a gente pode ouvir, porque essas linhas telefônicas são uma droga. Comem nosso dinheiro inteiro. Então a gente fica a mercê de mensagens de texto que nem sempre chegam, ou então das redes sociais [onde qualquer um pode saber o quanto você está com saudades]. Ponto final. Eu detesto a distância. Vez ou outra alguém muito importante vai embora, ou precisa sair do Estado. E qual a graça de tirar quem a gente ama de perto da gente? E sabe o que é pior nisso tudo? É que essa pessoa volta. E enquanto a gente espera por esse dia, detestamos a data de chegada. Mas a parte boa da partida é a chegada. Não é isso que dizem? Realmente, a hora da chegada é insubstituível. Mas esperar? Me poupe dessa tortura. E quando a chegada vira partida de novo? É muita coisa chata pra um vez só, não é? Saudade não é ausência, é a pura presença que te faz lembrar de alguém não está presente. É a foto que você ver, uma mensagem, a almofada que está com você todas as noites. Saudade é o presente que te faz lembrar. É o transtorno intermitente e perene de implorar por 'um pouco mais'. Saudade não é olhar pro lado e dizer "se foi". É olhar pro lado e perguntar "cadê?" E quer saber?  Ainda bem que você sempre volta, e ainda mais agora que é só uma viagem. Ah, que alívio. Eu lembrei que você sempre volta. É, essa saudade não mata, mas me ajuda a escrever.