domingo

Joana aforga-se adianta ?

''Afogar-se no banho”
Uma hora e meia debaixo do chuveiro velho, Joana queria afogar-se, gritava por dentro. Dizem que todo suicida vai para o inferno, então ela queria qualquer coisa menos aquela vida, ouvia um som baixinho, calmo, às vezes nervoso. Sua consciência? Talvez, chorava no ré, sol. Chorava com graça.
Pensava na insanidade, do corte no pulso e no que não tinha coragem. Lavava o cabelo com vontade de arrancar o couro. Ria. O Shampoo acabara na segunda tentativa e o fracasso tomou conta do seu banho.
O desastre foi maior quando o sabonete caiu no chão, há coisa mais humilhante? Não tinha auto-controle. Joana não tinha nada, além de um corpo mole, covarde e frágil.
Sentada no chão frio, tampou o nariz. Suas bochechas incharam, o ar quase não tinha, o vermelho tomou conta. Lembrou-se da lista de coisas que ainda tinha que fazer, desistiu. Em vez de uma toalha precisava de um abraço e de um perdão. O medo corroía os seus ossos.